Aumentar a produtividade em um mesmo espaço de maneira sustentável é um dos principais desafios do agronegócio para o futuro. Uma solução que tem ganhado cada vez mais destaque entre os produtores rurais é o sistema de integração Lavoura-Pecuária (ILP), que permite aumentar a lotação animal e produzir grãos em uma mesma área.
Em resumo, a ILP é uma técnica que viabiliza o cultivo de pastagem para produção animal e o cultivo de grãos em uma mesma área e ao mesmo tempo. Com isso, os produtores conseguem maximizar a produtividade da propriedade, melhorar a conservação do solo, tornar a produção agropecuária mais sustentável e multiplicar suas fontes de renda.
Nesse cenário, a espécie forrageira pode ser plantada em consórcio com espécies de grãos como milho, sorgo, arroz e soja. Logo após a colheita dos grãos, o produtor pode introduzir os animais em uma área de pastejo bem nutrida e desenvolvida com qualidade para manter o rendimento durante a entressafra.
Quando conduzido com um bom planejamento para superar os desafios, o sistema de integração Lavoura-Pecuária tende a trazer vários benefícios para os adeptos. Quer saber mais sobre quais são esses benefícios e como implementar a ILP com sucesso? Então continue a leitura e confira!
As vantagens do sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP)
Além de beneficiar os produtores em relação ao aumento de renda, lucro e produtividade, o sistema Integração Lavoura-Pecuária também é eficiente para a recuperação de áreas degradadas.
Considerando que produzir mais em um mesmo espaço e de maneira sustentável é um dos principais desafios do agronegócio, as funcionalidades da ILP agregam ainda mais importância a esse sistema.
A ILP é uma das técnicas mais eficientes para melhorar o aproveitamento da área e a qualidade do solo ao mesmo tempo. Isso porque através da introdução de uma espécie forrageira, o volume das raízes e da biomassa na área favorecem a reciclagem de nutrientes, melhorando as características físicas e químicas do solo, assim como os teores de matéria orgânica em camadas mais profundas do solo.
Para produtores adeptos ao plantio direto, o uso da integração lavoura-pecuária da maneira correta também é uma excelente alternativa, pois a palhada formada após a dessecação será superior em qualidade. Além disso, a ILP também ajuda a proteger a área de plantas invasoras e a quebrar o ciclo de pragas e doenças.
Vantagens da ILP para a suinocultura
A integração lavoura-suinocultura tem demonstrado resultados estimulantes para os produtores de suínos e agroindústrias. No estado de São Paulo, por exemplo, suinocultores tem usado o sistema para reduzir custos e melhorar a produtividade de ambas as atividades.
Em Itararé, interior do estado de São Paulo, o produtor Frederik Wolters com uma criação integrada de 23 mil suínos consegue produzir biogás, responsável por 92% da energia da granja, e biofertilizantes, que ajudam a suprir a demanda de cerca de 25% da área de soja plantada na propriedade. Desse modo, a integração lavoura-suinocultura gera uma economia de R$ 750 mil por ano com adubos e R$ 30 mil por mês com energia elétrica.
Além de reduzir custos totais de produção, esse sistema também ajuda a melhorar a atividade microbiológica e as propriedades do solo, potencializando a lavoura e dando um destino sustentável e rentável para os desejos animais.
Quais os desafios da adoção do sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP)?
Para usufruir de todos os benefícios que o sistema ILP tem a oferecer, é fundamental que os produtores entendam os desafios dessa técnica e saibam como se planejar para o sucesso do manejo da área em todas as fases do consórcio.
Escolha da espécie forrageira
A escolha da espécie forrageira é de extrema importância para o sucesso do sistema ILP. Na hora de tomar essa decisão, o produtor e os profissionais envolvidos no planejamento devem estudar o histórico da propriedade em relação às condições climáticas e ambientais.
Além disso, é importante também considerar os objetivos comerciais dentro do planejamento da propriedade, como:
- Qual cultura de grão será cultivada;
- Qual a necessidade nutricional dos animais;
- Se haverá ou não plantio direto na próxima safra, entre outros fatores significativos.
Padrão de qualidade das sementes de plantas forrageiras
De acordo com as recomendações e diretrizes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as sementes certificadas devem ter um índice de pureza de pelo menos 60%. Isso significa que 40% do volume daquele produto é composto por impurezas, ou seja, elementos que não são sementes.
Ao investir em sementes certificadas, o produtor rural tem essa segurança e precisão na hora de calcular a necessidade de sacas por área e os custos de produção. Por ser um valor mínimo exigido pelo MAPA, sementes com mais de 40% de impurezas não conseguem obter o registro, mas ainda assim podem ser comercializadas, reduzindo a eficiência do sistema ILP e aumentando os custos totais para os produtores.
Ainda, existem no mercado sementes com tratamentos diferentes para doenças ou pragas, o que melhora a taxa de sobrevivência, germinação e desenvolvimento em áreas em que doenças e pragas são comuns. Esses produtos podem apresentar pureza de até 90%, mas demandam um maior investimento financeiro na aquisição.
Preparo e manejo do solo
Assim como a implantação de qualquer cultura comercial, o planejamento de ILP deve considerar as características do solo através de amostras coletadas em pontos estratégicos por toda a propriedade. Com base nas análises, os profissionais agrônomos envolvidos no projeto poderão recomendar correções e preparos específicos de acordo com as espécies escolhidas e os objetivos do produtor.
O planejamento agrícola deve considerar todas as etapas do consórcio, como:
- Plantio da forrageira;
- Plantio dos grãos;
- Adubação;
- Aplicação de defensivos agrícolas;
- Colheita dos grãos;
- Introdução dos animais na área de pastagem na entressafra;
- Dessecação ou conservação da espécie forrageira;
- Possível preparação para plantio direto na próxima safra.
Pré-requisitos para implantar o sistema ILP
Os pré-requisitos podem variar de acordo com o tipo de transição. No caso de pecuaristas que desejam implantar o sistema de integração lavoura-pecuária, será necessário planejar o investimento em maquinários para o manejo agrícola.
Nesse caso, é possível comprar as máquinas ou alugá-las, caso seja mais vantajoso para o produtor rural. Para tornar a decisão mais assertiva, é necessário que o produtor estruture corretamente o planejamento, com prévia de custos, receitas e objetivos futuros.
Já no caso de agricultores que desejam adotar o ILP, o planejamento deverá ser voltado para a estruturação da área dos animais e locais de pastagem. Nesse cenário, o produtor rural deverá analisar os custos com estruturação da pecuária e a relação de fornecedores e agroindústrias para garantir o abastecimento e o escoamento da produção.
Em qual safra consorciar e quando semear a forrageira?
O sistema de integração Lavoura-Pecuária permite o consórcio na primeira ou na segunda safra. Caso o produtor realize um planejamento para o consórcio na primeira safra, o pasto formado terá como característica uma formação mais rápida e com maior volume de matéria seca.
No caso do consórcio na segunda safra, o produtor pode maximizar seus lucros realizando duas safras na mesma área. Em contrapartida, a pastagem formada nesse modelo terá uma menor produtividade.
Já em relação a quando semear a espécie forrageira, também há duas opções interessantes dentro desse sistema: o plantio em conjunto com os grãos ou após a semeadura da cultura granífera. No plantio em conjunto das duas espécies, a cultura granífera escolhida deve ter um crescimento rápido e também é recomendado realizar aplicação de herbicidas para reduzir a competição do pasto com a cultura.
Caso o produtor avalie e decida que o plantio após a semeadura dos grãos é o ideal, o plantio da forrageira deve ser feito a lanço, podendo ter variação na época de acordo com as espécies consorciadas escolhidas.
Conclusão
A integração Lavoura-Pecuária é uma solução sustentável e lucrativa para produtores rurais que desejam ampliar suas fontes de renda e recuperar áreas degradadas de maneira rentável e eficiente.
Para garantir o êxito desse sistema a longo prazo, além de um bom planejamento e orientação técnica profissional, é importante que os produtores se mantenham antenados às novidades do mercado que favorecem esse tipo de negócio, como as plataformas de integração.
Para produtores de suínos, por exemplo, podemos destacar a plataforma Meu Lote, desenvolvida pela Granter. Essa ferramenta permite com que os suinocultores reúnam as informações de maior impacto para o negócio, como dados detalhados sobre alimentação, medicação e sanidade animal.
A partir dos índices gerados pelo “Meu Lote” os profissionais conseguem planejar de maneira precisa e eficaz o sistema de ILP, associando os dados da produção animal ao calendário agrícola com foco na redução de custos, sustentabilidade, produtividade e rentabilidade da fazenda. Para que o ILP seja uma estratégia lucrativa é essencial que o produtor trabalhe com dados atualizados e reais, que possam ser conferidos e acessados de maneira rápida e fácil.
Desse modo, as decisões se tornam mais práticas e assertivas para evitar e minimizar falhas e prejuízos, mantendo as duas atividades rentáveis e em beneficiamento mútuo. Com uma condução tecnológica, integrada e inteligente, produtores conseguem extrair o melhor de suas propriedades, maximizando a produtividade e os ganhos enquanto preservam os recursos naturais essenciais para prosseguir com a produção a longo prazo.
Tenho interesse ILP.