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O sistema de criação confinado normalmente é dividido em 3 segmentos: UPL (Unidade de Produção de Leitão), UC (Unidade de Creche) e UT (Unidade de Terminação).

A UPL engloba o setor de reprodução, maternidade e desmame dos leitões, que ocorre aproximadamente entre (21 – 28 dias). A Unidade Produtora de Leitão é uma granja comum em sistemas de integração ou em cooperativas.

Manejo na Unidade Produtora de Leitão – UPL

O manejo é um conjunto de boas práticas de criação, a qual possui relação direta com tipo, as condições das instalações e a mão de obra que são fundamentais para efetividade de determinadas técnicas e para alcançar bons índices zootécnicos visando o bom desempenho das fases futuras de criação dos suínos (UC e UT).

Na UPL o manejo é feito visando obter um melhor controle sanitário dos lotes. As boas práticas de manejo englobam desde práticas de biosseguridade para a coleta do sêmen do cachaço (suíno adulto, utilizado na reprodução) até a inseminação ou monta natural das fêmeas, com o objetivo de diminuir os riscos de alguma contaminação nessa fase do processo.

Reprodução

No setor reprodutivo, normalmente, encontramos ambos lotes de fêmeas aptas para a reprodução: marrã (fêmea que ainda não pariu sua primeira leitegada), matrizes desmamadas e animais que apresentaram retorno ao cio ou aborto.

A detecção do cio deve ser realizada com a passagem do rufião (macho vasectomizado) entre as gaiolas, também serve para estimular as fêmeas que estão iniciando no cio.

Deve se realizar o diagnósticos duas vezes ao dia, nas horas mais frescas para reduzir o estresse dos animais visando o Bem-estar Animal. No caso das matrizes com diagnóstico positivo deve se realizar a monta natural ou realizar a inseminação.

Os sinais de cio são:

  • Reflexo de tolerância ao homem na presença do animal;
  • Fêmea fica parada na presença do macho;
  • Orelhas eretas e inquietas;
  • A vulva rósea e com secreção mucosa turva.

Na monta natural deve-se primeiro conduzir a fêmea até a baia para se adaptar ao local e após o macho (não deve-se utilizar o macho duas vezes ao dia), as matrizes devem possuir tamanho compatível com cachaço, o técnico pode auxiliar o cachaço durante a cópula para não causar estresse para fêmea.

No caso de utilizar Inseminação Artificial, cada granja deve possuir seu protocolo de IA conforme a fisiologia das fêmeas. A Inseminação Artificial possui como vantagem o rápido ganho no melhoramento genético, controle sanitário e, com  isso, reduz a transmissão de doenças durante a monta.

Gestação

A gestação tem duração de aproximadamente 114 dias (ou para facilitar na suinocultura se fala em período de gestação de três meses, três semanas e três dias).

As fêmeas devem receber ração adequada conforme cada fase da gestação, no terço final da gestação as fêmeas possuem uma maior exigência nutricional, devido ao desenvolvimento final do feto. O fornecimento de água deve ser monitorado, pois erros nesses manejos afetam a produção de leite.

Maternidade

O primeiro passo ocorre antes do parto e é transferir as fêmeas 7 dias antes do parto para a baia de maternidade, para se acostumarem com o local evitando estresse. Também deve-se realizar a limpeza com água e sabão e analisar a área ao redor da vulva, aparelho mamário e aparelho locomotor para detectar se não apresenta algum problema.

Ao realizar o manejo de transferência deve-se conduzir as matrizes com calma, não utilizar objetos que possam causar ferimentos ou agredir os animais. Uma falha nesta etapa do manejo pode induzir as fêmeas a partos prematuros, aborto e/ou aumentar número de leitões natimorto (leitão desenvolvido, mas que nasce morto).

Recomenda-se reduzir a quantidade de ração fornecida três dias que antecedem o parto para reduzir a quantidade de volume de fezes no intestino, com o objetivo de prevenir complicações e a contaminação por fezes durante o parto.

Os sinais que antecedem o parto:

  • Aparelho mamário inchado, em forma de cálice (24 – 48 horas antes do parto);
  • Inquietação – levanta e deita (24 horas antes do parto);
  • Inchaço da glândula mamária (48-24 horas antes do parto);
  • Decúbito lateral (deitada de lado) com calma (60-15 minutos antes do parto);
  • Movimento da cauda e contrações a cada 15 minutos antes do parto.

O parto deve ser monitorado do início ao fim, temperaturas elevadas e ambiente barulhento são fatores que interferem negativamente no parto, prolonga a sua duração e aumenta o número de leitões natimortos. No verão devido às altas temperaturas os partos são mais prolongados.

O tempo normal do parto é em média de 2 à 3 horas, com intervalo entre leitões de 10 à 25 minutos. Se porventura o parto ultrapassar 3 horas 3 horas deve-se ocorrer a intervenção do homem, pois a fêmea não consegue parir e isto pode ocorre devido leitões mal posicionados, leitões muito grandes, falta de contrações ou contrações sem expulsão do feto.

Normalmente partos que demandam a intervenção do homem são caracterizado como parto distócicos, associado a fêmeas idosas e obesas e partos de primíparas (fêmea que já pariu sua primeira leitegada).

Manejo dos recém nascidos

Após o nascimento deve-se realizar os cuidados com recém-nascidos, pois esse manejo pode interferir no desempenho dos leitões na fases futuras.

Limpeza

Desobstruir a boca, nariz para retirar restos das membranas fetais e secar com pó secante ou papel toalha.

Corte e desinfecção

Corte do umbigo e desinfecção com álcool iodado.

Orientar na primeira mamada

Se necessário, auxiliar o leitão na primeira mamada para certificar que ele ingeriu o colostro (o primeiro leite que possui altas concentrações de imunoglobulinas ativas). Sendo este fonte de energia, com a ingestão do colostro os leitões adquirem a imunidade passiva.

Fornecer calor suplementar

Como o leitão perde calor para o meio após o parto e possui uma pequena camada de tecido gorduroso subcutâneo deve-se fornecer um microambiente aquecido a ele. Isso com o objetivo de distribuição uniforme do calor e evitar o esmagamento dos leitões. O calor pode ser fornecido através do abrigo escamoteador ou por piso ripado.

Manejo dos três dias

  • Deve-se realizar o corte ou desgaste dos dentes com objetivo de prevenir as lesões nos tetos das fêmeas e lesões em outros leitões;
  • Corte da cauda que visa a prevenção do contra o canibalismo;
  • Realizar castração imunológica (com aplicação de vacinas) e/ou a castração cirúrgica com aplicação de anestesia visando o bem-estar animal;
  • Vacinação para prevenção à anemia ferropriva, pois o leite materno é pobre em ferro, supre apenas 20% da necessidade de ferro do leitão. E vacinação dos leitões conforme o rebanho e região.

A partir do 7º dia de vida do leitão deve-se disponibilizar ração pré-inicial para adaptar o leitão a ingestão do alimento seco. Isso possibilitando um desenvolvimento mais precoce das enzimas digestivas. Os bebedouros devem ser acessíveis para os leitões.

O desmame é um momento estressante para o animal, devido à perda de contato com a mãe, a troca de alimentação, mudança do ambiente e a mistura de lotes. O manejo na fase de maternidade é fundamental para diminuir esse estresse e ajudar o leitão no desempenho das fases futuras.

Quando o leitão é destinado a uma UC o desmame ocorre aproximadamente aos 21 dias. Quando o leitão é destinado a uma WTF (Wean to Finish) o desmame é realizado aos 28 dias.

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Fonte: ABCS, MAPA. Manual brasileiro de boas práticas agropecuárias na produção de suínos.

Escrito por: Michele Fernandes

Data: 28/11/2018

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