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Produção de suínos

Como o uso de antibióticos para suínos está sendo discutido no Brasil?

Por 14 de janeiro de 2021março 16th, 2021Sem comentários

O uso de antibióticos para suínos sempre teve o objetivo de tratar e prevenir doenças, mas também já foi muito utilizado como promotor de crescimento (por isso chamados pela sigla APC: aditivos ou antibióticos promotores de crescimento). Os primeiros estudos que apontavam o que pareciam vantagens no uso de antibióticos aconteceram no fim da década de 40. 

Naquela época, descobriu-se que o uso de antibióticos para suínos aumentava a conversão alimentar dos animais. Ou seja, os faziam crescer mais rápido para que pudessem ser abatidos mais cedo. Porém, décadas dessa prática mostraram diversos efeitos colaterais e a redução de APC já é uma realidade em várias partes do mundo. 

Um dos problemas do uso irrestrito de antibióticos para suínos é relativo à saúde pública. Não é que os animais não resistam a doenças, mas o desenvolvimento de superbactérias se tornou uma preocupação de órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgãos fiscalizadores e consumidores. 

Isso porque as bactérias que se tornam mais resistentes com o uso indiscriminado de APC podem afetar a saúde humana. Um levantamento da OMS em 2018 apontou que em toda a América, cerca de 77 milhões de pessoas morrem por conta do consumo de carne contaminada. 

Além disso, as bactérias podem se tornar resistentes e intratáveis com antibióticos humanos, mesmo sendo transmitidas por outras fontes.

Perspectivas no uso de antibióticos para suínos no Brasil 

Uma das soluções que tem sido adotada é o tratamento apenas individual dos suínos doentes e não mais o uso de antibióticos como prevenção. Assim, ocorre uma mudança no uso do medicamento, reduzindo-o na ração dos animais. 

No Brasil, desde 2020 já existe a proibição de alguns antibióticos para suínos, como a tilosina, a lincomicina e a tiamulina. Essa decisão se deve ao abuso dos medicamentos como promotores de crescimento para os animais. Além de proibir o uso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), proibiu também a importação, a fabricação e a comercialização destes aditivos.

Embora tenha havido resistência por parte de alguns produtores, a medida é benéfica. A decisão vai de encontro às exigências do mercado europeu, onde o uso de antibióticos para suínos já é proibido desde 2006. Isso representa uma oportunidade de atingir novos mercados estrangeiros para os produtores e exportadores.

Em 2020, o Brasil teve uma receita superior à de 2019 com o aumento das exportações de carne suína. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que houve um aumento de 37% em relação ao ano anterior, passando de 1 milhão de toneladas.

Assim, com o aumento da demanda e novas exigências dos consumidores e dos mercados estrangeiros, existem mais oportunidades. O mercado vem se adaptando para controlar as doenças suínas, utilizando os medicamentos apenas com a função de tratamento de doenças e com prescrição veterinária

Uso dos antibióticos em cada fase dos suínos

No lugar de usar os medicamentos como única forma de prevenção de doenças, é importante implementar medidas de manejo, nutrição e medicina veterinária preventiva. O tratamento individual dos suínos com antibióticos, apenas quando doentes, é o que vem sendo incentivado para minimizar problemas sanitários.  

É comum encontrar o uso de antibióticos com essa finalidade, principalmente em três fases da vida dos animais. 

Fase de transição

O uso de antibióticos para suínos geralmente vem como combate a algumas doenças que podem surgir nesta fase:

  • Doenças respiratórias: As bactérias mais comuns nessa fase são a Pasteurella multocida e a Bordetella Bronchiseptica. As condições ambientais são importantes, principalmente em relação à temperatura, umidade e circulação de ar. Por isso, o uso de antibióticos como profilaxia pode ser evitado melhorando as condições da granja, controlando o ambiente e ao promover um  manejo adequado
  • Doenças do trato digestivo: Geralmente, aparecem problemas digestivos em suínos, mais ligados à diarreia, logo após a fase de desmame. Isso ocorre porque alguns fatores, como a transição para a alimentação com ração, podem contribuir para este quadro. A bactéria que aparece é a Escherichia coli.
  • Doenças sistêmicas: Infecções por Streptococcus suis, Streptococcus equisimilis, Streptococcus porcinus e Haemophilus parasuis são comuns. Estas bactérias acabam causando diversas doenças, incluindo meningite, septicemia, polisserosite, artrite, endocardite e pneumonia.

Fase de engorda

Nessa fase, existe o risco de aparecerem problemas digestivos ligados às bactérias Brachyspira hyodisenteriae, Brachyspira pilosicoli e Lawsonia intracellularis. Elas podem prolongar o quadro por muito tempo, o que representa um risco para a saúde do animal. 

Para doenças respiratórias comuns desta fase já existem vacinas. Assim, os antibióticos são necessários para combater as bactérias somente quando um problema aparece.  

Fase adulta

Na fase adulta, os antibióticos são utilizados geralmente após o surgimento de doenças ligadas ao pós-parto

Em todas as fases citadas, são utilizados antibióticos como forma de prevenir doenças, quando eles deveriam ser ministrados apenas se surgirem sintomas. 

Desafios na redução do uso de antibióticos para suínos

No Brasil, ainda existem alguns desafios a serem superados para reduzir o uso de antibióticos para suínos. Além do próprio uso do medicamento, uma série de práticas de manejo e produção precisam ser revistas, pois colocam o rebanho em risco.

A alta concentração de animais nas granjas e a mistura de leitões de diferentes origens após o desmame são fatores que favorecem a manifestação e transmissão de doenças

Quais as principais alternativas?

O produtor deve estar ciente que existem diversas alternativas para melhorar a resposta imunológica dos animais, prevenção de doenças e, por fim, um crescimento mais saudável.

Uma das apostas tem sido o uso de óleos essenciais e medicamentos fitoterápicos. Seus princípios ativos atuam nas membranas celulares, melhorando suas defesas contra organismos patogênicos. Assim, o uso de antibióticos pode ser reduzido ainda mais, pois as defesas dos animais são fortalecidas e a incidência de doenças diminui

Outros benefícios dos óleos são a diminuição do gás metano, melhora na digestão e atividade antioxidante nas células. 

Além dos óleos, também há outras alternativas naturais que promovem uma alimentação mais saudável dos suínos, como:

  • Probióticos; 
  • Prebióticos; 
  • Acidificantes; 
  • Herbais; 
  • Condimentos; 
  • Enzimas; 
  • Soro sanguíneo spray dried;
  • Óxido de zinco no desmame; 
  • Programa de vacinas;
  • Micotoxinas nas rações.

Como diminuir o uso de antibióticos para suínos

Para evitar a disseminação de bactérias e vírus entre os suínos, e fortalecer o sistema imunológico dos animais, prevenindo doenças no rebanho, há boas práticas de manejo a serem seguidas:

Criação de suínos em família 

Um estudo conduzido pela Embrapa Suínos e Aves mostrou que 85% dos suínos podem ser poupados do uso de antibióticos durante a vida. A condição para isto é a criação em família, não misturando leitões de diferentes leitegadas e origens. 

Manter apenas os membros de uma mesma ninhada dentro da baia evita estresse e transmissão de agentes infecciosos entre as famílias. Os suínos devem permanecer separados durante toda a produção, desde o nascimento até o abate. Isso resulta em uma carne de qualidade, com alto valor agregado e sanitizada.

Nutrição dos animais

A alimentação dos animais deve ser rica em nutrientes para favorecer a saúde dos animais e o fortalecimento do sistema imunológico. O uso de fibras na alimentação pode ajudar no equilíbrio da flora intestinal. Dietas com nutrientes funcionais e inclusão de aditivos também diminuem as contaminações. 

Porém, a mudança na nutrição deve ser feita de modo planejado, para evitar substratos que favoreçam o crescimento de bactérias e também para que os animais se acostumem à nova alimentação. 

Biosseguridade

A biosseguridade é um conjunto de medidas para evitar a entrada e disseminação de doenças nas granjas suínas. Isolamento ou afastamento da granja, práticas de sanitização dos equipamentos, instalações e roupas dos colaboradores são algumas práticas que evitam a entrada de agentes patógenos nas granjas. 

Cercar a propriedade, restringir visitas, realizar vacinação e manter a higiene e bem-estar dos animais, bem como o fornecimento de ração e água frescas são boas práticas que podem minimizar doenças

Acompanhamento do desempenho do lote

Acompanhar em tempo real o processo de produção da sua granja, como a própria atividade de alimentação, pedidos de ração e medicamentos do lote é uma vantagem. 

Além de estar atento às técnicas de manejo em cada fase, desde a creche até a terminação, a tecnologia traz  mais eficiência  para a produção de suínos e garante a qualidade final da carne que chega ao consumidor.  

Tudo porque facilita a comunicação entre os envolvidos na produção: produtor, técnico, nutricionista, e integradora.

Com o uso de tecnologias nos processos da granja a tendência é de aumento na produtividade do lote e contribuição para o bem-estar e desempenho animal. Além disso, com recursos como ferramentas de rastreabilidade, é possível garantir a qualidade do processo para os clientes.

A plataforma Meu Lote da Granter facilita e disponibiliza em tempo real os dados do plantel e torna a produção de suínos mais eficiente e transparente. Através dela, você pode ter acesso a informações como: 

  • Consumo de ração;
  • Formulações das rações;
  • Desvios de consumo;
  • Eficiência de medicamentos;
  • Comportamento do lote. 

O sistema ainda pode emitir alertas para os extensionistas e nutricionistas se houver desvios no consumo de ração. Ter acesso a tais informações ajuda a manter o seu rebanho mais saudável. 

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