Para uma produção suína de qualidade, o bem-estar e a sanidade animal são questões fundamentais. Diversas práticas e princípios devem ser seguidos durante a produção para que a produtividade e qualidade do lote sejam garantidas.
Por isso, apresentamos a seguir os conceitos relacionados ao bem-estar e sanidade, as maneiras de avaliar o bem-estar animal, como o frigorífico pode contribuir para isso, e ainda, quais são os fatores que definem a qualidade da carne suína. Confira!
Bem-estar e sanidade animal na produção suína
Ações para promover o bem-estar e a sanidade animal são uma das prioridades de quem atua com a produção de suínos. Todos os aspectos envolvidos na criação e manejo destes animais influenciam diretamente na produtividade e qualidade final do lote.
A garantia de bem-estar contribui para uma melhora na sanidade animal, que envolve medidas preventivas, planejamento e cuidados referentes à qualidade de vida dos animais. Isso porque o lote só atinge seu máximo potencial quando os suínos contam com nutrição adequada e conforto ambiental em cada fase da criação.
Conforme a cartilha de Bem-estar animal na produção de suínos, publicada pela ABCS em parceria com o Sebrae e direcionada para as atividades da granja, o bem-estar animal deve seguir os princípios de boa alimentação, bom alojamento, boa saúde, além de evitar situações de estresse para o animal e permitir que o suíno expresse seu comportamento natural.
Ainda, existe o princípio das 5 liberdades, definido em 1992 pelo Conselho de bem-estar de animais de fazenda:
- Livre de fome e sede: o animal deve ter acesso à água fresca e uma dieta que auxilie na manutenção da sua saúde e vigor
- Livre de desconforto: a granja precisa proporcionar um ambiente apropriado, com abrigo e áreas de descanso confortáveis
- Livre de dor, injúria e doenças: é necessário realizar a prevenção, diagnóstico e tratamento de maneira rápida
- Livre para expressar o comportamento normal: a granja deve fornecer espaço suficiente para os animais, com instalação adequada e companhia de outros animais da mesma espécie
- Livre de medo e estresse (sofrimento físico e mental): é preciso garantir condições e tratamentos que evitem o sofrimento do animal.
Portanto, com as boas práticas de bem-estar e sanidade animal, se torna mais fácil antecipar problemas sanitários e garantir um alimento mais seguro.
Como avaliar o bem-estar animal?
Os indicadores de mensuração do bem-estar dos suínos estão relacionados ao animal e ao ambiente. O número de suínos com lesões é um indicador baseado no animal, já o conforto térmico é um parâmetro do ambiente, por exemplo.
A partir do princípio das 5 liberdades, o livro Produção de Suínos – Teoria e Prática, publicado pela ABCS recomenda a avaliação do bem-estar animal com base nos seguintes critérios:
- Ausência de fome prolongada
- Ausência de sede prolongada
- Conforto em relação à área de descanso
- Conforto térmico nas instalações
- Facilidade de movimento
- Ausência de lesões
- Ausência de doenças
- Ausência de dor causada por práticas de manejo como a castração ou corte de cauda
- Expressão de comportamento social adequado, mantendo o equilíbrio entre os aspectos negativos, como a agressividade, e positivos
- Expressão adequada de outros comportamentos, para o equilíbrio de aspectos negativos, como estereotipias e aspectos positivos
- Interação adequada entre os animais e seus tratadores, para que os animais não tenham medo das pessoas que os manejam
- Ausência de medo.
Assim, quanto mais duradouras sejam as emoções positivas dos suínos, maior o bem-estar animal. Da mesma forma, quanto mais emoções negativas sejam vivenciadas pelo animal, menor será o seu grau de bem-estar.
Entretanto, todos estes fatores ainda estão mais ligados ao manejo nas fases de criação do suíno. Já no frigorífico, existem outras práticas que também podem contribuir para o bem-estar e sanidade animal. Continue a leitura e confira!
Entenda como o frigorífico pode contribuir
A cartilha de bem-estar animal da ABCS e Sebrae também tem sua edição para frigoríficos, onde se define que a responsabilidade tanto pela qualidade da carcaça como da carne suína é do produtor e do processador, ou seja, do frigorífico.
Portanto, no período pré-abate o frigorífico deve proporcionar aos animais um ambiente agradável e mais calmo, reduzindo o estresse que pode ser sofrido nas etapas anteriores.
Além disso, o frigorífico também precisa completar o tempo de jejum e contribuir com a limpeza dos animais. Outras responsabilidades são a melhora da insensibilização, a realização da inspeção ante mortem e o suprimento da linha de abate com a quantidade adequada de animais.
Outras maneiras de promover o bem-estar e a sanidade animal no frigorífico é manter as instalações e equipamentos preparados para a chegada dos animais, ter os cuidados necessários no desembarque e condução dos suínos, e ainda, contar com um monitoramento eficiente da ocorrência de lesões na carcaça.
Fatores que definem a qualidade da carne
Como você pode ver, as ações realizadas desde o início da produção até o momento do abate têm influência direta na qualidade final.
Se antes a qualidade estava ligada apenas a questões como a aparência, composição nutricional e palatabilidade da carne, hoje já é possível perceber uma mudança no comportamento do mercado consumidor, onde também é considerado o bem-estar dos animais e as práticas utilizadas durante a produção.
Nesse sentido, os atributos que podem interferir na qualidade da carne são, conforme a ABCS:
- Rendimento e composição, que envolve a quantidade de produto que pode ser comercializado, bem como o percentual de carne magra e a espessura de gordura
- Aparência e características tecnológicas, como a cor, capacidade de retenção de água e textura
- Palatabilidade, ou seja, a maciez, suculência, sabor e odor da carne
- Integridade do produto, onde se considera a qualidade nutricional e a segurança química, física e biológica
- Qualidade ética, envolvendo todos os procedimentos utilizados para promover o bem-estar e sanidade dos suínos durante todo o processo de produção.
Esperamos que com este conteúdo você tenha compreendido a relação entre as práticas de bem-estar, sanidade animal e a qualidade da produção suína, bem como a importância de investir na garantia destes pontos.
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