Em 1921 foi identificado no Quênia o primeiro grande e significativo caso de infecção suína, ocasionando a morte de um elevado número de suínos domésticos. Ainda assim, devido à característica de rápida disseminação e ao elevado índice de mortalidade gerado, a doença foi classificada como “peste”, surgindo então a denominação Peste Suína Africana (PSA).
A PSA é uma virose altamente contagiosa e letal que atinge suínos de todas as idades. Por outro lado, não é uma doença de caráter zoonótico, ou seja, não pode ser transmitida ao homem, portanto não oferece risco à saúde humana.
A doença: Peste Suína Africana (PSA)
A PSA é uma enfermidade causada por um vírus. Sua transmissão ocorre quando há o contato direto entre suínos, através das secreções nasais e orais, ingestão de alimentos contaminados e por meio de um carrapato, quando este se instalam no “suíno”.
O carrapato, do gênero Ornithodoros e os javalis são hospedeiros da doença (esse tipo de carrapato não foi identificado no Brasil).
O vírus invade o organismo através do trato respiratório, sua sintomatologia varia de forma aguda, subaguda e crônica e seu período de incubação varia entre 4 a 19 dias.
Os animais infectados, quando na fase aguda apresentam sinais clínicos como:
- Cianose (pontos roxos): orelhas, focinhos, abdômen;
- Perda de apetite;
- Tosse;
- Dispneia;
- Vômito;
- Diarreia sanguinolenta;
- Aborto.
Medidas
Devido a rápida disseminação do vírus, identificam-se altas taxas de morbidade e mortalidade ocasionando prejuízos econômicos e barreiras sanitárias.
A PSA é uma doença de notificação obrigatória imediata para Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), e qualquer caso suspeito deve ser notificado ao Serviço Veterinário Oficial.
O diagnóstico é realizado pelo teste de ELISA ou utilizando as técnicas de PCR em laboratórios oficiais. Após a confirmação de PSA os animais são submetidos ao sacrifício sanitário, não sendo viável economicamente realizar um tratamento.
O sacrifício sanitário ocorre no próprio estabelecimento de criação. Com a abertura de valas, realiza-se o abate dos animais e depois a cremação. Deve se realizar a desinfecção preliminar das instalações onde os suínos estavam alojados, limpeza, lavação, desinfecção definitiva e a realização do vazio sanitário por um período de três meses.
Prevenção
Para barrar a introdução do vírus, devem se adotar medidas de biosseguridade em todos os elos da cadeia produtiva:
- Barreiras sanitárias nas áreas de fronteira;
- Aquisição de material genético e animais de granjas livres das principais doenças infecciosas;
- Realizar o controle do trânsito dos animais, não permitindo o trânsito em áreas com foco de PSA;
- Realizar a quarentena dos animais;
- Vazio sanitário rigoroso (7 – 14 dias);
- Controle do fluxo de pessoas e veículos;
- Descarte correto dos resíduos de alimentos importados provenientes de aeronaves e/ou veículos de países com ocorrência de PSA;
- Fiscalização em aeroportos, inspeção em bagagens para detectar materiais que possam transmitir o vírus.
PSA no Mundo – ao longo do tempo
1921
Primeiro foco de PSA ocorreu no Quênia, país localizado na região Leste da África, identificado em suínos domésticos. A PSA ainda é considerada endêmica no continente Africano.
Década de 60
Surgiram os primeiros casos de PSA no continente Europeu. Em Portugal foi identificada em uma granja de suínos, que eram alimentados à base de restos de comida servida a bordo dos aviões procedentes das colônias portuguesas e africanas. Após foi detectado outros focos na Espanha, Península Ibérica e França.
Década de 70/80
Começaram a surgir os primeiros focos de PSA em alguns países da América Latina, o primeiro país a notificar foi Cuba.
Em 1978 ocorre o primeiro surto de PSA no Brasil, uma propriedade localizada no Rio de Janeiro, onde os suínos também eram alimentados com restos de comidas provenientes de aeroportos.
No final de 1984 o Brasil erradicou a PSA e foi considerado uma área livre de Peste Suína Africana, através do Ato Administrativo 05 de Dezembro de 1984 pela Secretaria de Defesa Sanitária Animal. Hoje a PSA é considerada uma doença exótica no Brasil.
Década de 90
Ocorreu os primeiros surtos de PSA pelo Oeste Europeu.
Anos 2000-2017
Primeiros focos de PSA na Geórgia sacrificando vinte mil suínos. Na Polônia foram detectados os primeiros casos de PSA em javalis.
Focos de PSA confirmados na Europa (Estônia, Letônia, Lituânia). Na Moldávia, em uma criação de suínos caseira. República Tcheca identifica focos em javalis. Romênia é o caso mais recente, de 2017, também em criação caseira.
2018
Em agosto ocorreu o primeiro surto de PSA na China, o vírus matou 47 suínos em uma propriedade. Até Setembro foram 19 casos de PSA confirmados.
A China é o maior produtor de suínos, ainda não se sabe a fonte dos surtos de PSA na China, com isso, estão realizando medidas para controlar a disseminação do vírus. A rápida dispersão do vírus pelas granjas de suínos aumentam as chances da doença atravessar fronteiras para outros países.
Em função dos recentes casos reportados na Ásia, aqui, há um acirramento das normas de biosseguridade das granjas e aprimoramento do sistema de vigilância contra a peste suína.
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Escrito por: Michele Fernandes
Data: 08/10/2018