A mamite está entre as doenças infecciosas que mais afetam as matrizes suínas durante o pós-parto, gerando perdas econômicas significativas aos produtores.
Estima-se que o problema, também chamado de mastite, acometa uma a cada dez fêmeas, tendo uma incidência de 9,5% a 13,1% entre os animais.
Portanto, trata-se de uma condição que exige pleno controle dos criadouros, que devem manter-se atentos às suas características e principais fatores de risco.
A seguir, entenda melhor o que é mamite, quais seus sintomas, meios de tratamento, causas, prevenção e fatores causadores de prejuízo.
O que é a mamite ou mastite suína?
A mamite, ou mastite, é caracterizada como uma inflamação da glândula mamária das suínas, decorrente de um processo infeccioso.
Em geral, um agente patológico adentra a glândula mamária pelo sangue ou pelo orifício do teto (que é a via de infecção mais comum), prejudicando o tecido e causando alterações no leite.
A mamite pode ser clínica, que causa alterações visíveis no leite e muitas vezes traz sinais inflamatórios na glândula mamária, ou ainda subclínica, que gera quedas na produção dos animais e o aumento das células somáticas no leite.
Por ser mais silenciosa, muitas vezes a mamite subclínica passa despercebida pelos produtores, mas ela pode gerar prejuízos ainda maiores que o primeiro tipo. Ela ocasiona severas perdas produtivas, diminui a qualidade do leite, aloja os agentes patógenos e ainda resulta em mais casos de mamite clínica.
Sintomas
O primeiro sintoma da mamite é quando as fêmeas ficam desinteressadas pelos leitões depois do parto.
Normalmente, os filhotes ficam urrando e tentando mamar, mas a matriz não responde ao chamado e se deita sobre as tetas para impossibilitar o acesso a elas.
Outro sinal comum é que as suínas não têm disposição para se levantar e comer, sendo que a falta de alimentação regular pode gerar consequentes carências nutricionais.
Além disso, a temperatura das fêmeas costuma ficar elevada (acima de 39,8 graus) e as glândulas mamárias ficam inchadas, doloridas, quentes e com consistência carnosa.
Por fim, também é comum o corrimento vaginal durante três dias pós-parto, com aspecto esbranquiçado, mucoso e inodoro.
Tratamento
Quando a mamite não é tratada, ela pode ter resolução espontânea em um período de três a cinco dias.
Contudo, é fundamental controlar a doença durante sua manifestação, já toda ou grande parte da leitegada pode ser perdida enquanto ela ocorre.
Na mastite clínica, o uso de antibióticos intramamários é recomendado para os casos leves e moderados. Os medicamentos devem ser ministrados por quatro dias, sendo que a terapia combinada com antibióticos sistêmicos deve ser feita em situações de recidiva.
Já na mastite clínica aguda, o ideal é a aplicação intravenosa ou intramuscular de antibióticos sistêmicos, com suporte de anti-inflamatório não-esteroidal e fluidoterapia.
Por sua vez, a resposta de como cuidar da mastite subclínica depende do período da lactação.
Enquanto ela ocorre, são indicados apenas antibióticos intramamários. Porém, no final da lactação, é preciso realizar tratamento de todos os quartos com secagem do animal, utilizando medicamento intramamário para matrizes secas associado à aplicação de selante de teto.
Nas infecções subclínicas crônicas, recomenda-se o descarte. As fêmeas com manifestação recorrente passam a atuar como reservatório de patógenos que podem infectar o restante da criação.
Quais são as causas?
A mamite tem maior incidência nas matrizes de idade avançada, que já realizaram quatro partos ou mais ao longo da cadeia produtiva.
Em geral, a doença é mais frequente em locais com condições inadequadas de manejo, sanidade e higienização.
Contudo, também é comum que a mastite ocorra em criadouros dotados de excelentes cuidados, por conta de fatores como:
- constipação da fêmea (fezes secas e dificuldade de defecar);
- falta de adaptação da suína à cela parideira;
- troca brusca de alimentação;
- excesso de calor;
- parto distócico (que ocorre de forma anormal, com leitões na posição inadequada ou muito grandes, que lesionam a fêmea);
- estresse animal.
Como evitar a mastite?
O melhor jeito de evitar a mastite é prezar pelas práticas adequadas de manejo das suínas e prevenir os fatores de risco mencionados logo acima.
Nas salas de maternidade, é imprescindível realizar as ações de limpeza e desinfecção adequadas, respeitando o período de vazio sanitário de no mínimo setenta e duas horas.
Também é fundamental só realizar a transferência das matrizes nos períodos mais frescos do dia, lavá-las antes de entrar na maternidade e instalá-las no local no mínimo quatro a cinco dias antes do parto.
Durante o parto, as fêmeas devem estar em instalações devidamente higienizadas e ter sua quantidade de ração reduzida até a data prevista para o nascimento dos leitões.
Para as palpações manuais, a intervenção deve ser decidida com base em critérios rigorosos, com procedimentos de higiene corretos para a matriz e para o operador, e sob medicação parental com antimicrobiano de dois a três dias.
Já no pós-parto, é indispensável aferir a temperatura corporal dos animais e monitorar se as mamadas estão ocorrendo normalmente.
Além disso, é preciso aumentar gradativamente o volume de ração fornecida até que ela volte à sua quantidade normal depois do período de cinco dias.
Como cuidados gerais para a prevenção da mamite, recomenda-se manter programas de prevenção contra infecções urinárias e um controle nutricional rigoroso.
Por fim, é fundamental distribuir as matrizes de acordo com a ordem de parição e considerar o descarte daquelas que apresentam a doença de forma recorrente e crônica.
Os prejuízos para o produtor suíno
A mamite é uma doença que afeta significativamente a saúde e o bem-estar das matrizes e dos leitões.
Além de gerar a perda da qualidade do leite, ela provoca prejuízos significativos com o seu descarte e com a eventual necessidade de reposição de fêmeas.
Ainda em relação aos problemas econômicos, a mastite gera gastos severos com a diminuição da fertilidade, com as ações de tratamento, aquisição de antimicrobianos, antibióticos e outros medicamentos.
Como se não bastasse, a mamite é fonte de alta mortalidade entre os leitões, que afetam toda a cadeia produtiva.
Isso porque, como os filhotes não conseguem ingerir leite materno, eles se tornam muito fracos e em diversos casos acabam morrendo pela falta de glicose.
Também são recorrentes os casos de esmagamento de leitões, que tentam forçar a mamada nas matrizes, que por sua vez tentam se esquivar para impedir, deitando sobre eles e os sufocando até a morte.
Como você viu até aqui, a mastite pode ser fonte de diversos problemas para os produtores suínos. Seus métodos de controle devem fazer parte das rotinas de manejo para garantir uma produção saudável e livre de riscos econômicos.
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Bom informação nunca é demais higienizar as granjas ajuda bastante